quarta-feira, 29 de junho de 2016

Empresas retiraram mais de 14 mil toneladas de sódio de alimentos desde 2011

A meta é reduzir 28.562 toneladas de sal do mercado brasileiro até 2020. Acordo entre Ministério da Saúde e Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação tem como próximo alvo a redução de açúcar

Empresas retiraram mais de 14 mil toneladas de sódio de alimentos desde 2011 Fernando Gomes/Agencia RBS
 
Foto: Fernando Gomes / Agencia RBS
 
 
O Brasil reduziu, em quatro anos, mais de 14 mil toneladas de sódio de alimentos industrializados. O dado, divulgado nesta quarta-feira, é o resultado de um acordo entre o Ministério da Saúde e a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) para reduzir o teor de sódio dos alimentos no país. A Abia é responsável por 70% dos produtos alimentícios do Brasil.

Feito em 2011, o acordo entre o governo e a indústria de alimentos prevê a diminuição do sódio em 16 classes de alimentos. A mudança na formulação é feita em etapas. Na primeira fase, a redução foi feita em massas instantâneas, pães de forma e bisnaguinhas. Em uma segunda etapa, iniciada em outubro de 2011, foi a vez de salgadinhos de milho, batatas fritas, bolos, misturas para bolo, maionese, bolachas e biscoitos. A terceira etapa, assinada em 2012, contemplou temperos, caldos, cereais matinais e margarinas vegetais.
Na última fase, iniciada em novembro de 2013, a redução tem como alvo empanados, hambúrgueres, linguiças cozidas, resfriadas e frescal, mortadelas, presuntaria, muçarela, requeijão cremoso, salsichas e sopas individuais. Esta última fase, cujos resultados devem ser apresentados até o final do ano, é considerada a de maior impacto. Sozinha, ela representa quase 50% da meta do acordo, que prevê a redução de 28.562 toneladas de sal até 2020.
Entre os produtos já contemplados pelo acordo, a maior redução de sódio foi observada nos temperos, com queda de 16,35%, seguidos pela margarina, com 7,12%. A única categoria que teve aumento na concentração de sódio foi a de caldos líquidos e em gel, de 8,84%.
Brasileiro consome mais do que o dobro de sal recomendado
 

De acordo com o Ministério da Saúde, os brasileiros consomem, em média, 12g de sal por dia, quantidade 2,5 vezes maior do que a recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 5g diárias. No entanto, apenas 14,9% da população se dá conta do consumo excessivo, segundo dados da pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) 2015. 
Dietas com alto teor de sal são apontadas como fator de risco para o desenvolvimento de doenças como hipertensão, acidente vascular cerebral, infarto e problemas renais. Para o titular do Ministério da Saúde, Ricardo Barros, a redução da ingestão média de sódio no país deve impactar nos gastos públicos com internações e medicamentos para hipertensos.

—  Observamos redução de 33% nos últimos seis anos nas internações por hipertensão. Não temos dúvidas de que já é um resultado das nossas ações de promoção à saúde, hábitos saudáveis, ampliação da assistência e redução de sal nos alimentos processados —  afirmou.


Discussões para redução do açúcar já começaram
Para diminuir o consumo de açúcar entre a população brasileira, o Ministério da Saúde já iniciou discussões com a Abia. A ideia é estabelecer um acordo que terá como objetivo a redução de açúcar nos alimentos processados, usando a mesma metodologia já aplicada para a diminuição de sódio. A primeira etapa deve começar em 2017, após a análise das principais fontes de açúcar na dieta dos brasileiros. 
O presidente da Abia, Edmund Kloz, assegurou o comprometimento da indústria no cumprimento dos acordos:

— Nossa preocupação é tentar fazer o possível para colaborar. Esperamos conseguir preparar, de maneira eficaz, a tecnologia para fazermos também a redução do açúcar, com o mesmo sucesso e ritmo que tivemos na redução de sódio. Não é muito fácil fazer reduções desse tipo, porque é muito difícil mudar o paladar, o gosto das pessoas. O brasileiro gosta de açúcar e sal.

Barros acredita que o maior desafio é justamente a conscientização da população. O ministro ressalta que é necessária uma mudança de hábitos para o país alcançar uma redução efetiva no consumo desses alimentos.

— As maiores quantidades de sal e açúcar são adicionadas à mesa, pelos próprios consumidores. Todo esse esforço é muito importante, mas precisamos que as pessoas colaborem e que cada um cuide dos seus hábitos — frisou Barros.

 
Diário Gaúcho  /  Com agências

Morte por infarto pode ser evitada com consumo de ômega 3, diz pesquisa


Morte por infarto pode ser evitada com consumo de ômega 3, diz pesquisa Divulgação/Hellmann's


Salmão é um dos alimentos ricos em ômega 3


Foto: Divulgação / Hellmann's


Colocar mais salmão, sardinha e anchova no prato pode salvar vidas. É que esses três alimentos são ricos em um ingrediente que reduz em 10% as chances de morte por infarto: o ômega 3. Um estudo feito na Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, provou que esse tipo de ácido graxo, uma "gordura do bem", está ligado à redução de ataques cardíacos fatais.
Os pesquisadores analisaram os níveis de ômega 3 no sangue e nos tecidos de participantes de 19 estudos realizados em 16 países. O resultado foi publicado na segunda-feira na revista médica Jama Internal Medicine.
– (Os resultados) oferecem o quadro mais completo até hoje sobre os efeitos preventivos do ômega 3 contra as doenças cardíacas – disse a coautora do estudo Liana Del Gobbo.
Os peixes são a principal fonte de ômega 3, mas nozes e óleo de linhaça e canola também são ricos desse ácido graxo.
– Os resultados de diversos estudos foram similares independentemente de idade, sexo, raça, presença ou ausência de diabetes, uso de aspirina ou de medicamentos para baixar o colesterol – completou Del Gobbo.


Diário Catarinense 

domingo, 26 de junho de 2016

Alimentos tóxicos que você deve evitar


Lanches rápidos, batata frita, refrigerante, pizza, sorvete, embutidos. É difícil achar quem não goste dessas delícias. O problema é que a maioria deles também podem ser considerados alimentos tóxicos para o organismo, especialmente quando consumidos com frequência. 
Além disso, vários ingredientes destes alimentos possuem características viciantes. Ou seja, você sempre quer um pouco mais. Por isso, vale a pena controlar o consumo e adotar hábitos mais saudáveis para equilibrar a soma.
Alimentos tóxicos
 
Os embutidos devem ser consumidos com cautela, pois podem oferecer problemas à saúde. 
 
Foto: iStock, Getty Images
 
 

Alimentos tóxicos e o organismo humano

Ingerir alimentos tóxicos eventualmente não causará um dano considerável no seu organismo. No entanto, se este tipo de alimentação passa a ser corriqueira, não é só o aumento do peso corporal que você vai sofrer.
Os produtos químicos que são colocados nos alimentos para conservá-los são nocivos ao homem. Os pesticidas ou agrotóxicos usados nas plantações garantem safras lindas aos olhos, mas não causam o mesmo efeito ao seu corpo, que consome sem ter conhecimento da quantidade de veneno que está ingerindo em uma simples maçã ou em um pimentão.
Por sinal, morangos, tomates e pimentões estão no topo da lista de alimentos tóxicos. Priorize frutas, legumes e verduras de origem orgânica. São mais caros, mas é a sua saúde que está em jogo. A soja, o trigo e o arroz cultivados no Brasil também costumam ter altos níveis.
Também vale cuidado redobrado com tudo aquilo que é processado em excesso, como costuma acontecer com as comidas vendidas em redes de fast food. A melhor regra é sempre o bom senso, com foco no consumo equilibrado.

Doenças relacionadas aos alimentos tóxicos

Os corantes utilizados nos alimentos estão associados à hiperatividade e ao câncer. Quanto mais colorido o comestível, mais chama a atenção das crianças. Ensine seus filhos que quanto mais artificial a coloração, mais nocivo é para a saúde.
Nos salgadinhos que a criançada adora, está presente a gordura artificial chamada de olestra, que não é digerida pelo corpo humano. Bolachas recheadas também são alimentos tóxicos. Já nos pães, fique atenta ao ingrediente bromato de potássio. Se possível, produza pão caseiro com ingredientes orgânicos.
As carnes processadas, por sua vez, contêm nitritos e nitratos que causam mutação genética no estômago do ser humano, podendo causar câncer. Elimine da sua rotina os embutidos, a exemplo da salsicha.
O glutamato monossódico é outro veneno que provavelmente você consome há muitos anos sem saber que faz mal. Trata-se de um aditivo para realçar o sabor dos alimentos. As comidas processadas e industrializadas são repletas desta substância.
Os caldos de carne são cheios de glutamato monossódico. Pesquisas apontam que a ingestão regular destes alimentos tóxicos podem causar enxaquecas, asma, taquicardia, depressão e obesidade. Estes temperos industrializados também têm sódio em excesso, o que é igualmente prejudicial. 
Cebola e alho orgânicos substituem perfeitamente os caldos de carne e frango. Compre milho de pipoca natural e massa caseira. Pode dar um pouco mais de trabalho e exigir algumas alterações na rotina, mas certamente via fazer a diferença.



DOUTÍSSIMA / TERRA 

Dieta para secar exige cuidados específicos



Uma dieta para secar pode ser realizada em momentos bem específicos, como a necessidade de você perder alguns quilos para caber na roupa da festa. O que não pode é fazer dessa alternativa um padrão para emagrecer.
Afinal, cardápios restritivos podem até funcionar em um curto espaço de tempo, mas não oferecem os mesmos resultados a longo prazo. Além disso, seu corpo pode sofrer consequências nem tão agradáveis assim. O metabolismo desregulado é um exemplo. 
Também não é recomendado entrar na dieta para secar quando você quer perder 20 quilos. Para esse tipo de redução de medidas em que os objetivos são mais complexos, o ideal é iniciar uma reeducação alimentar, com efeitos mais duradouros.

O que considerar antes de iniciar a dieta

Tudo bem, agora você já sabe quando vale ou não a pena apostar em uma dieta para secar. Mas mesmo rápida e focada, ela ainda exige cuidados. O primeiro deles é ir em busca de um profissional da área de nutrição.
Pode até ser fácil encontrar opções milagrosas na internet, mas elas não substituem o auxílio especializado, capaz de definir opções que se encaixem no seu ritmo de vida e características metabólicas. Afinal, o que serve para a sua amiga pode não ter o mesmo resultado para você.

Dieta para secar


 
A dieta para secar só é alternativa para curtos períodos de tempo. 
 
Foto: iStock, Getty Images
 
 

Tipos de dieta para secar

 

Decidiu aderir a uma dieta para secar dois ou três quilos rapidamente? Mantenha a disciplina e o foco para não recuperar o que eliminou em questão de dias. Existem inúmeras alternativas de cardápios para seguir.
A dieta das 800 calorias, por exemplo, prevê um copo de iogurte e uma bolacha de água e sal no café da manhã e uma maçã três horas depois. Para o almoço, duas colheres de sopa de arroz integral, salada de manjericão, cenoura, alface, tomate e um filé de frango grelhado.
No meio da tarde, você pode comer um cacho de uva. Já na janta, a quantidade de salada verde é liberada. Acompanha uma colher de arooz integral e uma de legumes. Vale ainda ingerir um filé de frango grelhado. Para a ceia, apenas um copo com suco de limão.
A dieta detox do limão também está muito bem cotada nas paradas. Esse alimento é capaz de eliminar as toxinas do organismo e impedir que o ácido úrico se acumule. Além disso, previne artrite, nefrite (inflamação dos rins) e cálculos renais. Seus efeitos antioxidantes e alcalinizantes permitem a eliminação do colesterol ruim (LDL).
Para fazer esta dieta para secar, esprema um limão – de preferência orgânico – em um copo d’água, como se fosse uma limonada sem açúcar. Beba em jejum, 30 minutos antes do café da manhã. Repita a receita de 10 a 15 minutos antes do almoço e do jantar.
Já a dieta detox volumétrica é realizada em três dias. Nesse período, o cardápio combate o edema (inchaço) do corpo. As pessoas eliminam água corporal e murcham. Outra dieta para secar que está na moda é o famoso método Dukan, baseado no consumo de proteína. Fale com o seu nutricionista e discuta qual é a melhor alternativa.


DOUTÍSSIMA / TERRA 

'Deficit de natureza' provoca problemas físicos e mentais em crianças, alerta especialista

Saem as brincadeiras no quintal, entram os apartamentos. Saem as praças e parques, entram os prédios. Saem os jogos na rua, entram os tablets e videogames.
Basta um olhar rápido para perceber que nas grandes e médias cidades o contato das crianças com a natureza, em geral, vem diminuindo.
E para o americano Richard Louv, autor de A Última Criança na Natureza , essa constatação em nada tem a ver com um saudosismo barato. Mas sim com os impactos negativos causados pelo o que ele chama de Transtorno de Deficit de Natureza.
Em visita a São Paulo para o lançamento de seu livro, Louv contou à BBC Brasil que ele começou a se interessar pelo tema no início dos anos 90, quando fazia pesquisas para seu livro Childhood's Future ("O Futuro da Infância", em tradução livre).
"Entrevistei mais de 3 mil pais e professores. Queria saber deles sobre como o cenário da infância estava mudando. E uma constante nos depoimentos foram pais reclamando de que não conseguiam tirar seus filhos de casa. Mesmo se morassem perto de áreas verdes ", disse.
"Na época, não haviam estudos sobre a aflição desses pais. Somente há menos de 10 anos surgiram as primeiras pesquisas sobre isso - e todas apontam para a mesma direção: a falta de contato das crianças com a natureza causa problemas físicos, como a obesidade, e mentais, como depressão, hiperatividade e deficit de atenção."
Louv, no entanto, vai além do cenário triste que pinta para as crianças dos dias atuais: ele também aponta medidas simples que pais, educadores, médicos e o poder público podem adotar para evitar o "deficit de natureza" até mesmo em grandes metrópoles. Confira os principais trechos da conversa:
BBC Brasil: Ainda há esperança para as crianças que vivem em cidades como São Paulo ou outras do estilo "selva de pedra"?
Richard Louv: (Risos). Sim, é claro que há esperança! Vi experiências muito interessantes em cidades na China e também em Atlanta, Chicago e em outras metrópoles americanas que podem ser comparadas com as brasileiras.
São escolas e associações que estão usando hortinhas, caminhadas em bosques e outras soluções simples para combater uma série de novos problemas que atingem muitas das crianças de hoje, por estarem tão afastadas da natureza.
BBC Brasil: Quais exatamente são esses novos problemas? São físicos ou mentais?
Richard: Os dois. Na parte física temos, por exemplo, a obesidade infantil, que hoje é epidemia em vários países mundo afora, inclusive, até onde eu sei no Brasil. (47% das crianças brasileiras têm com excesso de peso ou são obesas).
As crianças hoje passam menos horas ao ar livre e, consequentemente, mais tempo confinado em casa, vendo TV ou jogando videogame. Essa é uma das grandes causas da obesidade infantil. Meninos e meninas que ficam na frente de telinhas são menos ativos do que os que correm no parque, sobem em árvores...
Louv acredita que a situação só vai mudar se convívio com a natureza for encarado como algo fundamental, como parte dos Direitos Humanos
Louv acredita que a situação só vai mudar se convívio com a natureza for encarado como algo fundamental, como parte dos Direitos Humanos 
 
 
Foto: Divulgação / BBCBrasil.com
 
 
BBC Brasil: E os transtornos psicológicos?
Richard: São muitos e são novos. Porque até a poucos anos atrás, era raro os pediatras atenderem crianças bem novas com sintomas de depressão. Também posso citar transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH), além de problemas cognitivos.
BBC Brasil: Como a natureza pode amenizar esses problemas?
Richard: Hoje, há muitos estudos mostrando que contato com a natureza - ainda que pequeno e por pouco tempo - podem reduzir os sintomas desses distúrbios.
Uma pesquisa de um grupo na Universidade de Chicago que estuda distúrbios de atenção entre crianças comprovou que meninos e meninas de 5 anos tiveram uma melhora significativa com caminhadas curtas em parques.
Pesquisadores da Universidade de Essex também mostraram impactos psicológicos mensuráveis em adultos depois de apenas cinco minutos andando entre árvores. Porque adultos, obviamente, também se beneficiam do contato com a natureza.
BBC Brasil: Você acha que conviver com a natureza é mais eficiente do que receitar remédios?
Dicas simples para pais com vidas corridas:
  • Leve seu bebê para passear em áreas verdes - um ótimo antídoto para acalmar os pequenos e reduzir o estresse dos pais
  • Deixe seu bebê se fascinar com a grama, as pedrinhas, as poças d'água. Não se preocupe por ele se sujar.
  • Com crianças já maiorzinhas, faça uma trilha simples e deixe que elas liderem o caminho em trechos conhecidos. Levar um walkie-talkie pode ser divertido também.
  • Chame amigos para fazer passeios juntos pela natureza. Isso cria vínculos e diminui a sensação de insegurança para quem tem essa preocupação
  • Observe o céu em um dia estrelado
  • Faça festas e piquineques ao ar livre
  • Brinque de coletar folhas, galhos e afins para decoração ou para atividades artísticas
  • Presenteie a criança com um livro que inspire aventuras ao ar livre, como "As Aventuras de Tom Sawyer"ou "O Livro da Selva"
  • Faça uma horta de legumes ou de temperos, seja no quintal ou na varanda do prédio
Richard: Veja, não estou dizendo que remédios como a Ritalina (usado para o tratamento de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, por exemplo) são ruins. Eles podem ser muito úteis para alguns casos.
Mas quando se têm escolas nos EUA em que 30% dos meninos tomam Ritalina, sabemos que algo não está certo. E os pediatras sabem disso. [O Brasil é o segundo maior consumidor do medicamento no mundo, com cerca de 2 milhões de caixas vendidas em 2010 - um aumento de 775% na última década, segundo a Anvisa.]
BBC Brasil: Sabem mesmo?
Richard: Acredito que muitos estão passando a se dar conta disso. E vejo cada vez mais profissionais começando a prescrever "brincar no parque". Prescrever mesmo, por escrito.
Em algumas partes dos EUA, por exemplo, associações de médicos começaram a usar dados com mapeamento das áreas verdes de suas cidades. Assim, dizem para os pais "tem um boques a duas quadras da sua casa, portanto não há desculpas para levar seu filho lá duas vezes por semana."
BBC Brasil: E o que exatamente acontece com essas crianças que são taxadas, corretamente ou não, de hiperativas quando elas passam mais tempo em áreas verdes.
Richard: Essa mudança costuma ser visível e rápida. Vou dar um bom exemplo. Recebo muitos comentários de professores que passaram a incluir mais passeios ao ar livre em suas turmas.
E, juro, perdi a conta de quantos professores me falaram exatamente a mesma coisa, com praticamente as mesmas palavras: "Richard, é impressionante. Meu aluno que é encrenqueiro na classe se transforma no líder quando estamos no parque." E o que estamos fazendo com essas crianças? Dando Ritalina.
BBC Brasil: Isso também mostra como o papel da escola é importante, não?
Richard: Com certeza. Eu diria inclusive que em grandes cidades, as escolas devem liderar o caminho de resgate do convívio das crianças com a natureza, já que as áreas verdes são poucas e a vida dos pais é corrida.
E há estudos mostrando que uma educação baseada no meio ambiente melhora o aprendizado não somente em áreas ligadas à ciências da terra, por exemplo, mas também em idiomas, matemática, história.
BBC Brasil: Mas como isso acontece?
Richard: Há muitos exemplos. São alunos aprendendo a somar ou dividir na beira de lagos. São escolas que exploram as áreas verdes não só em suas dependências mas também no bairro.
Há dados impressionantes mostrando como alunos de escolas baseadas no meio ambiente se saem melhor em testes tradicionais e também desenvolvem melhor a capacidade de ter um pensamento crítico, de solucionar problemas, de tomar decisões, entre outras características cognitivas.
BBC Brasil: E esses impactos positivos se dão sempre que a criança tem mais contato com a natureza, seja na escola ou não?
Richard: Exato. Pegue os exemplos dos parquinhos. Há dois tipos: os com brinquedos estruturados (escorregador, balanço, etc) e os chamados "playground de aventuras", em que em vez dos pisos de cimentos, temos terra, areia, grama; e não tem brinquedos prontos, e sim tocos de madeiras, morros e afins.
Pesquisas mostraram que crianças brincando nesse playground natural tinha uma propensão muito maior de inventar seus próprios jogos, de convidar outras crianças para a brincadeira, inclusive crianças de outras idades e outros gêneros, e de brincar de uma maneira mais cooperativa.
É isso que a natureza proporciona para as crianças.
BBC Brasil: Você cita muita crianças pequenas. Para uma mais velha, com 10 ou 11 anos por exemplo, é tarde demais para reconquistar esse convívio com o ambiente natural?
Richard: De jeito nenhum. Nunca é tarde demais. É claro que o ideal seria começar isso desde de bebê até os 3 anos. Mas o nosso cérebro tem o que se chama de plasticidade. E graças a ela abrem-se janelas para mudar o caminhos neurológicos que usamos para aprender ou perceber coisas novas em qualquer idade.
BBC Brasil: A poucas quadras daqui, há uma área (na Rua Augusta, centro de São Paulo) que virou alvo de disputa e que pode tanto virar um grande empreendimento imobiliário como um parque municipal. Certamente há disputas assim em todas as grandes cidades do mundo. Como o sr. se posiciona diante dessas situações?
Richard: É preciso ter uma visão pragmática. Por isso eu diria que o prefeito precisa colocar na ponta do lápis. Quanto a cidade gasta com saúde pública, com problemas como síndromes respiratórias, sedentarismo e saúde mental? Uma área verde no meio da cidade pode ajudar nisso.
Outro ponto: já está mais que provado que quando há um parque natural em uma determinada área, todo o entorno é valorizado, elevando o valor de mercado das propriedades ao redor. Isso também precisa entrar na conta. Aliás, a gestão municipal pode fazer muita diferença.
BBC Brasil: Por quê?
Richard: Eu queria lançar um desafio para o prefeito de São Paulo, como eu fiz na China. A cidade tem metas de ser uma cidade rica em áreas verdes? Isso pode entrar no marketing da cidade, para atrair grandes empresas, por exemplo.
Quais as metas de São Paulo ou de outras cidades no Brasil para ter mais parques, áreas de caminhadas, playground naturais, trilhas?
BBC Brasil: O sr. acha que isso hoje não é encarado como prioridade?
Richard: Bem longe disso. Um parque é encarado como uma coisa a mais para se ter, algo extra, um mimo. Enquanto pensarmos assim, nada vai mudar.
Porque a verdade é que uma área verde não é algo legal para se ter, é algo do qual todos precisam. É parte da nossa humanidade ter contato com a natureza, é parte dos direitos humanos básicos, como muitos órgãos internacionais já reconheceram. Por isso não pode ser negado pelas autoridades.
BBC Brasil: Além das autoridades e das escolas, qual o papel dos pais nessa retomada de contato das crianças com a natureza?
Richard: Como em tudo, os pais precisam ser exemplos. Precisam também usufruir da natureza - mesmo porque isso é benéfico para todas as idades. Precisam proporcionar passeios ao ar livre para as crianças, mostrar a importância desse contato...
BBC Brasil: Mas será que os pais que vivem dias corridos nas cidades dão conta disso também?
Richard: É importante é deixar claro que não é preciso ir acampar toda a semana, fazer trilhas na mata todo dia. O convívio com a natureza se dá também em atos simples, compatíveis com o dia a dia corrido das famílias atuais.
É ter uma hortinha em casa ou até na varanda do apartamento, é aproveitar áreas ao ar livre como quadras esportivas, quando não houver um super parque perto de casa. E até mesmo ler "Tom Sawyer" ou outros livros que despertem o encantamento das crianças com a natureza. 


BBC BRASIL / TERRA 

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Pesquisadores descobrem anticorpos capazes de ‘neutralizar’ zika vírus




Resultado de imagem para zika virus
Pesquisadores europeus anunciaram nesta quinta-feira que encontraram “poderosos” anticorpos que são capazes de “neutralizar” o zika vírus, uma descoberta que abre caminho para uma vacina contra esse patógeno que está relacionado a uma série de problemas de saúde.
Os anticorpos permitiram “neutralizar eficientemente” o zika e o vírus da dengue em testes com células humanas realizados em laboratório, o que “poderia levar ao desenvolvimento de uma vacina universal” que protegeria contra as duas doenças, indicaram os pesquisadores na revista científica Nature.
Esta descoberta coincide com um outro estudo, também publicado nesta quinta-feira, que sugere que a recente explosão de casos de zika vírus na América Latina poderia ter sido favorecida por uma pré-exposição à dengue.
Os dois vírus têm vários aspectos em comum. Pertencem à família dos flavovírus, transmitidos especialmente por mosquitos.
Pesquisadores do Instituto Pasteur de Paris, do Centro Nacional para a Pesquisa Científica (CNRS) francês e do Imperial College de Londres, que já estudavam os anticorpos capazes de combater a dengue, passaram a analisar igualmente o zika vírus.
Eles selecionaram dois anticorpos EDE capazes de deter a dengue e descobriram que um deles era particularmente eficaz para neutralizar o vírus da zika.
A descoberta, segundo Félix Rey, responsável pelo laboratório de virologia estrutural do Instituto Pasteur, que dirigiu o estudo, foi “totalmente inesperada”.
A partir daí, com diversas técnicas, os pesquisadores conseguiram reconstituir o local preciso onde este anticorpo se fixa sobre a proteína que envolve o zika vírus e descobriram que o local de fixação era o mesmo do vírus da dengue.
“Esta descoberta permite trabalhar na produção de uma vacina de proteção contra todos os vírus do grupo”, afirmam os pesquisadores no estudo.
De acordo com Juthathip Mongkolsapaya, outro pesquisador, trata-se dos “primeiros anticorpos muito poderosos” descobertos contra o zika, um vírus considerado por muito tempo como pouco perigoso.
Mas a epidemia que atinge os países da América do Sul, especialmente o Brasil, revelou estar associada a graves anomalias no desenvolvimento cerebral, principalmente à microcefalia – malformação que se caracteriza por um tamanho abaixo da média da cabeça de bebês de mães infectadas com o zika.
No Brasil, o país mais afetado, foram registrados 1.616 casos de microcefalia desde o início da epidemia de zika, em outubro passado, segundo dados do Ministério da Saúde.
A zika está associada, ainda, a complicações neurológicas, como a síndrome de Guillain-Barré, que pode causar paralisia e levar à morte.
Na quarta-feira, pesquisadores da USP em Ribeirão Preto publicaram um estudo revelando que o vírus da zika também causa uma inflamação ocular grave em adultos, chamada uveíte, cujas complicações incluem glaucoma e catarata. Até então, acreditava-se que o vírus só causasse inflamações superficiais, como a conjuntivite.
Em fevereiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou uma “emergência de saúde pública de nível internacional” em razão do aumento de casos de infecção pelo zika vírus em vários países e das complicações associadas à doença.
Até o momento não existe nenhuma vacina contra o zika, ao contrário da dengue, que já dispõe de uma vacina desenvolvida pelo laboratório francês Sanofi.
A dengue, que assim como o zika é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, está em plena expansão em regiões tropicais e subtropicais do planeta, onde cerca de 400 milhões de pessoas são contaminadas por ano.
Os sintomas da dengue incluem febre, dor de cabeça, náusea, vômito e dor muscular.
Zika agravado pela dengue
Outro estudo, realizado pelos mesmo pesquisadores e também publicado nesta quinta-feira pela revista Nature Immunology, revela que a maioria dos anticorpos produzidos por pessoas infectadas pela dengue podem aumentar a potência da zika.
Isso significa que uma exposição anterior ao vírus da dengue “pode acentuar a infecção pelo zika”, disse Gavin Screaton, Imperial College, um dos autores do estudo.
“Este pode ser o motivo pelo qual o surto atual é tão severo, e porque ele aconteceu em áreas onde a dengue é prevalente”, como a América Latina, completa o pesquisador.
A descoberta mostra a importância de que uma futura vacina contra o zika utilize os anticorpos corretos, disse Rey.
No entanto, ressalta o pesquisador, ainda há muito trabalho por diante, como a realização de uma pesquisa clínica, que pode levar muito tempo.
Em relação à vacina do Sanofi, que combate as quatro variedades existentes da dengue, Rey afirma que esta “teria que ser modificada para poder ser utilizada contra o zika”.
Segundo Jeremy Farrar, diretor da organização britânica Wellcome Trust, que apoiou financeiramente ambos os estudos, ainda “há mais perguntas que respostas” sobre o zika e o grupo de vírus que inclui a dengue.
Resta saber, por exemplo, porque o vírus da zika no sudeste asiático e na África, onde está presente há muito tempo, não se desenvolveu da mesma forma que na América do Sul.



ez/ial/er/mr/db/mvv